Sim, pai e mãe pisam na bola de vez em quando, até mesmo quando a intenção é educar e ensinar o que é certo. Muitas vezes, quando seu filho apronta uma arte da-que-las (como decorar o teto do banheiro com papel higiênico molhado ou usar a parede da sala como tela para uma pintura feita com canetinha colorida) é muito fácil errar a mão na hora de chamar a atenção por pura irritação.
A situação pode ficar ainda pior se a travessura for algo que coloca a própria criança em perigo (como escalar as prateleiras da geladeira para alcançar aquele pote de biscoitos). Aí o sangue sobe à cabeça! “Há situações que assustam os pais, que acabam se exaltando por serem pegos de surpresa. Vira um sobressalto generalizado: a criança também se assusta e o momento fica muito desconfortável”, explica a psicóloga e psicopedagoga clínica Ana Cássia Maturano. Por isso, é preciso ter em mente que objetivo maior da bronca é chamar a atenção do seu filho para um comportamento que não pode se repetir. Não é gritar, punir, muito menos fazê-lo ficar com raiva de você. Por essa razão, o primeiro passo, antes de partir para qualquer tipo de castigo, é conversar com a criança de forma clara e direta explicando porque ela não pode fazer aquilo outra vez.
Fique atento para não cair nessas ciladas:
Gritar
As crianças percebem pelo seu tom de voz se o que você está falando é sério ou não.“Há situações nas quais é preciso deixar claro para elas o que não pode ser feito usando um tom mais grave, o que não significa gritar”, explica Ana. A criança deve sentir firmeza no que você diz. No entanto, se perceber que, no meio do restaurante, todo mundo está olhando para você, pode ser que você realmente tenha passado do limite.
Ameaçar
Ameaçar por ameaçar, só para ter um controle do comportamento por meio do medo, não funciona, principalmente se o apelo for criar temores infundados, como “se você for ali, o bicho papão vai te pegar”. “A ameaça é desnecessária porque faz com que os pais percam o foco, que é a educação e a orientação daquela criança”, explica a psicóloga. Ao contrário disso, o discurso dos pais deve mostrar apenas a realidade, deixando claras as consequências das ações, como “se você atravessar a rua sozinho, o carro pega” ou “se você acender o fósforo, ele queima”.
Fazer discurso
O tempo de atenção das crianças, principalmente das menores, é curto. Por isso, não precisa dar mil explicações quando for dizer ao seu filho que ele não pode fazer algo. Seja direto, claro e demonstre firmeza. “Se você se pendurar na TV, ela vai cair em cima de você e machucar”. Pronto. Não precisa falar que a TV é cara, que o papai trabalhou muito para comprar, que se quebrar ninguém vai poder assistir mais nada, nem dar um sermão.
Amolecer
É difícil resistir àquela carinha de dó e aos olhos brilhantes que se enchem se lágrimas na hora da bronca. Por isso, não são raros os pais que amolecem. “Não precisa se preocupar se o filho vai ficar com raiva ou se vai deixar de amar você. A criança precisa da proteção e dos limites”, alerta a psicóloga. A consistência é importante. Não adianta usar uma voz firme e, em seguida, falar mole e pegar no colo. Seu filho deve entender que o que você está falando é sério.
Usar comida
“Se você fizer isso, pode comer um doce” ou “se não fizer o dever de casa direito, não tem direito à sobremesa”. Esqueça esse tipo de chantagem. Comida não é moeda de troca. Quer que seu filho pense que ele está sendo punido quando você insiste para que ele coma algo que não gosta?
Não cumprir o combinado Erro clássico. Aquilo que foi acordado deve ser honrado – seja de um lado, seja de outro. Por isso, além de deixar explícito qualquer tipo de acordo (ou de punição), é preciso primeiro se perguntar se aquilo que você diz que vai fazer caso a criança apresente um mau comportamento é, de fato, viável. Muitas vezes, são os próprios pais que se colocam em uma baita saia-justa. “Eu já atendi uma mãe que ameaçou não fazer a festa de aniversário do filho”, conta Ana. Com todos os convites enviados, você vai mesmo cancelar a comemoração porque seu filho não se comportou direito?
Fonte: Revista Crescer
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