Booolaaa. Baaanaaanaaa. Você já falou ou viu algum adulto falando assim com uma criança? Essa maneira de se comunicar é chamada de baby talk, algo natural e instintivo que fazemos por causa do afeto que os bebês despertam em nós.
Trata-se de uma adaptação da nossa fala para estimular o desenvolvimento da linguagem e o cérebro infantil. Levando o bebê a se sintonizar socialmente e a querer responder. Neste artigo, mostramos as principais características desse estilo de conversa direcionada a crianças, quais as respostas cientificamente comprovadas que ele gera e como trabalhar a oralidade em casa. Confira!
Características essenciais do baby talk
O “maternalês” (ou “paternalês”) está presente em quase todas as línguas. Além de dar ao bebê uma sensação de segurança e conforto, ele promove experiências que acendem tanto a região do córtex auditivo quanto as áreas motoras responsáveis pela fala. Sua aplicação consiste em:
- Usar um tom de voz mais agudo;
- Hiperarticular as vogais;
- A linguagem oral com gestos e mímicas;
- Encurtar e simplificar os enunciados;
- Falar em um ritmo mais lento, “fofinho” e melódico;
- Fazer conexões frequentes com o contexto;
- Repetir trechos da fala ou frases inteiras, com entonação ascendente.
Estudos e análises sobre o uso de baby talk
Um estudo da Universidade de Washington reuniu 48 famílias. A pesquisa treinou os pais para usarem esse estilo de fala com seus bebês de 6 meses de idade. Quando estes completaram 18 meses, a análise das gravações apontou que o vocabulário deles era formado por cerca de 100 palavras. Enquanto a média dos que estavam fora do grupo de controle era de 60 palavras.
No Brasil, a professora Cristiane Schnack, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), fez uma análise etnográfica para entender o uso de baby talk como parte da socialização da linguagem no contexto doméstico de duas famílias. Ao final, o estudo mostrou que a prática e seus impactos sobre as crianças variam conforme a rotina familiar.
Na primeira família, a pesquisadora notou que esse recurso funcionava basicamente como um instrumento comunicativo-afetivo. Quando a criança estava fragilizada (por causa de um ferimento no dedo, por exemplo). Ou seja, os pais a colocavam no centro das atenções apenas em situações críticas, definidas por eles. Nos demais momentos, cabia a ela “se fazer ouvir”, aproximando-se do modo de falar dos adultos.
Na segunda, Schnack observou que a criança era centralmente posicionada nas interações, como em conversas enquanto passava um programa infantil da TV. Assim, ela era estimulada dia após dia a se desenvolver e a construir discursivamente o seu mundo. A responsabilidade de torná-la uma parceira interativa era dos adultos (como deve ser), quando eles usavam o baby talk para se adaptarem ao universo infantil.
Dicas para estimular a linguagem do bebê
Fechando o nosso conteúdo, separamos dicas de como facilitar o desenvolvimento da oralidade do seu filho:
Fale como se estivesse sentindo o gosto de cada palavra e varie as entonações, para que a criança perceba as diferenças — por exemplo, “a bola é bonita”, “a bola é bonita?”, “a bola é bonita!”;
Conte histórias simples, mas que sejam cativantes e com ilustrações repletas de cores primárias — ao ler, aponte as figuras relacionadas às palavras e incentive seu filho a fazer o mesmo;
Faça contato visual ao falar, agachando-se para conversar se for preciso — essa prática é importante durante a interação, pois a criança faz leitura labial no processo de desenvolvimento da linguagem;
Deixe seu filho terminar de falar e continue o diálogo, corrigindo sutilmente eventuais erros — se ele pedir “ága”, por exemplo, devolva com uma pergunta enfatizando a palavra correta (“Você quer água?”).
Como vimos, o baby talk promove boas respostas dos pequenos durante o processo de aprendizado da fala, no qual os pais têm um papel fundamental. Outra recomendação é buscar um fonoaudiólogo, que é o profissional mais indicado para passar exercícios que trabalhem a oralidade de acordo com as necessidades do seu filho.
E aí, você adota essa prática com o seu bebê? Como ele responde aos estímulos? Deixe um comentário contando a sua experiência.
Nos conte o que você acha!
Fonte: bebemamae.com
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